CONHECENDO UM POUCO DA VIDA PASTORAL


Quando você vai à igreja, depois de uma hora, mais ou menos, que começou o culto você verá um homem engravatado com a Bíblia na mão subindo ao púlpito. Ele começa dirigindo a palavra ao povo, ele não é um político fazendo uma campanha ou um pronunciamento, ele é um arauto, aquele que proclama uma mensagem em alta voz. A pregação das Escrituras é um ato primordial na vida e obra de um pastor, do pregador da palavra. Será que qualquer cristão pode ir ao púlpito e pregar?

O efeito arminianismo provocou uma ideia de que qualquer homem cristão pode pregar em um púlpito na igreja e posteriormente às mulheres. Mas, essa perspectiva é antibíblica da pregação.

Segundo Pr. Martyn Lloyd-Jones: “O ponto de vista sobre a pregação de leigos, derivado principalmente dos ensinamentos dos metodistas e dos Irmãos, é que essa deve ser a prática normal, e não a exceção, como também que o pregador é um homem que ganha a vida por meio de alguma profissão ou negocio, e, por assim dizer, prega em sua hora vaga.” (PREGAÇÃO E PREGADORES, pag. 74).

A Bíblia nos ensina que todos os crentes devem esclarecer o motivo pelo qual é um cristão, mas está longe de afirmar que todo o crente deve pregar (1Pedro 3.15).

Um pregador é como qualquer outro cristão, mas temos que considerar sobre a chamada, um pregador não é simplesmente um cristão que resolveu pregar. Haverá muitos homens que apreciam ser um pregador, eles tem a visão de que um ministro da palavra tem um tipo ideal de vida, uma vida com muito tempo de lazer, com muita oportunidades de leitura de obras filosóficas, teológicas, etc. Podem ler e escrever poemas, ensaios e romances. Diante deste quadro, muitos jovens têm sido atraídos.

Se lermos as biografias dos grandes pregadores dos séculos passados e também de alguns deste, veremos que este não é quadro pintado de um pregador.

Diante de tudo isso o mais importante é o chamamento.

Os adultos ou os jovens que anseiam ser ministro da palavra devem se perguntar: “Sou chamado ou não para ser um pregador?”, “como posso ter a certeza desta resposta?”.

O sujeito não senta para considerar a possibilidade de ser um ministro da Palavra, ele não analisa as possibilidades a sangue frio, simplesmente ele é incomodado constantemente pelo Espírito de Deus que habita nele. É algo que não se controla. Eu era um executivo de carreira promissora no mundo corporativo, ansiava desde a minha conversão ser um ministro da Palavra, mas fazia cálculos constantes e os resultados não batia, para mim era impossível deixar minha profissão, como sustentaria minha família? Então eu desisti de fazer cálculos, mas quando o Espirito tocou em minha vida foi um verdadeiro chamamento, então não precisei mais calcular, agora estou lembrando que o nome de minha turma do seminário foi “CHAMADOS”. Aos olhos humanos era uma loucura, mas eu sentia a paz de poder deixar um emprego de 10 salários para ingressar na mais sublime obra que homem pode realizar na terra, pregar a Palavra. “Fiel é a palavra: se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja” 1 Timóteo 3:1. Isso não é algo romântico, é real em nossas vidas.

Agora estou me lembrando do Dr. Martyn Lloyd-Jones, o grande pregador do século passado. Que loucura foi para os homens, a atitude do Dr. Martyn ter deixado a medicina sendo exercida na corte do reinado da Inglaterra para ser um “simples” pregador da Palavra. Outro exemplo recente foi ter o privilégio de ter conhecido um grande amigo contemporâneo nos estudos do seminário (SBC). Ele também deixou uma carreira promissora de Dentista, e está usando essa sua profissão para ser um pregador da Palavra em um pobre país da África chamado Gâmbia. E recentemente, também no mesmo exemplo do Dr. Martyn, conheci um jovem seminarista que está começando seus estudos no seminário, casado pai de um belo casal de crianças. Ele exerce a medicina, mas está trocando gradativamente esta profissão sublime aos olhos humanos para ser um obreiro, pregador da Palavra, algo mais sublime aos olhos do Criador.

Um pregador tem que ser exclusivamente um pregador da Palavra, chegará a um ponto em ele não poderá dividir sua atividade tão abrangente com outra profissão incoerente e inadequada, que o absorva quase todo o seu tempo. Se não se dedicar exclusivamente, ele ficará frustrado com o ministério e dará ênfase mais às outras atividades, continuará sendo pastor, mas seus ouvintes, suas ovelhas ficarão raquíticas, sem um alimento espiritual adequado, por falta de tempo do pastor. Quantas igrejas estão assim? Quantas igrejas estão mundanizadas? Edonizadas, por consequência da visão errônea tanto do pastor como da própria igreja em relação ao trabalho integral de um pastor?

Tanto o pastor como a igreja tem que reconhecer que há responsabilidade de manter o pregador exclusivamente exercendo sua função de pastor integral em uma igreja.

O pastor não deve ficar preocupado em como vai pagar as contas, onde vai morar, ou como vai se vestir e a educação de seus filhos. Se estiver preocupado com isso e a igreja não satisfazer estas necessidades de um ministro, ela estará negligenciando o ministério pastoral. Por outro lado, se o pastor quer ficar rico e não tem contentamento, também estará negligenciando. Talvez procure complementar seu sustento com outras atividades, assim  estará comprometendo toda sua principal função de pregador (1 Timóteo 6:9).

O pastor não tem um horário especifico de trabalho como qualquer outro trabalhador, por isso ele tem que ter extremo cuidado. Ele deve estar no controle. Sua manhã poderá terminar rapidamente se fazer outras coisas que não seja direcionado ao trabalho pastoral no escritório em casa ou na igreja.

O pastor começa seu trabalho pastoral logo pela manhã todos os dias, mas poderá ser interrompido constantemente por ligações telefônicas, mas nos momentos de meditação, leitura da palavra, oração e preparação das pregações, não deve ser interrompida por qualquer pessoa, salvaguarda ser algo necessário e urgente, caso contrário, ou os filhos ou a esposa deve atender as chamadas. Não há regras universais para um pregador, cada um tem que se adaptar em sua vida cotidiana, e exercer toda a tarefa diária de um ministro da Palavra com as devidas prioridades.

A oração é algo primordial na vida laboral de um pastor, mas isso tem sido negligenciado, muitas pessoas não dão a devida importância. Certo membro liga para o pastor: “Pastor eu preciso urgentemente falar com o senhor, o que o senhor está fazendo?” ele responde: “estou no momento de oração”. Então, o membro da igreja diz: “já que o senhor não está fazendo nada, eu posso ir ai?”. Orar não é fazer nada na visão de muitos. Nós podemos ler nas biografias de grandes pregadores dos séculos passados que os mesmos tiveram uma obra bem sucedida devido serem grandes homens de oração.

Não se enganem ser ministro da Palavra é exercer grande labor no ministério, é orar pelos membros, pelas pessoas não convertidas, pela família, pelas atividades da igreja, é ler e meditar na Bíblia diariamente, e preparar os sermões de qualidade e isso leva horas de estudos, pregação para o culto de oração, para a escola dominical, para casais, para jovens, para o culto de adoração, o pregador orienta e coordena os trabalhos de evangelismo, trabalhos com crianças, com jovens, o patrimônio da igreja, os projetos, faz escalas de trabalhos dos membros, dirige as assembleias, faz reuniões com os lideres de trabalho. Visitas os membros da igreja e suas famílias, vai aos funerais, celebra os casamentos, batismos e faz conferencias. Enfim, é um trabalho árduo, mas gratificante, muitas vezes não reconhecido pelos homens, mas abençoado por Deus. Valorize seu pastor ele foi chamado para ser um ministro da Palavra.



Pastor Edson Sobreira Alves

Igreja Batista Regular Maranata – Crato - CE

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